terça-feira, 22 de setembro de 2009

Projecionismo

O novo blog do evolucao.
onde iremos tratar exclusivamente sobre assuntos relacionados á projeção astral,disponibilizando asrtigos e tecnicas.

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Pensamento


"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

Xico Chavier

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Conhecendo o Xamanismo


O que é Xamanismo?

A Busca de uma Definição

Atualmente quando a maioria das pessoas ouvem a palavra xamanismo pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelança se estão no Brasil. Sempre considerado como um programa de índio.

O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena. É certo que os indígenas foram os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da Medicina da Terra mas as práticas se originaram no homem primitivo, no paleolítico.

A palavra tem origem siberiana e não americana e é

usada hoje como uma forma única para descrever as práticas no mundo todo. Ou seja, as práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras.

A palavra xamanismo foi criada por antropólogos (ver em xamã) para definir um conjunto de crenças ancestrais. Para mim é um caminho de conhecimento. Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões.

As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Também na África, entre os povos aborígines da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Patagonia, S

ibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, ou seja, em todos os lugares ao red

or do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões.

Religião da Idade da Pedra

Piers Viebsky em "O xamã", cita que em 1991 foi encontrado o corpo mumificado de um homem preservado sob as neves dos Alpes Austríacos. Foi apanhado por um temporal ao cruzar um desfiladeiro da montanha há cerca de cinco mil an

os. Poderia ser de um pastor (de ovelhas) mas as tatuagens na pele, um disco de pedra numa correia e alguns musgos secos medicinais encontrados em sua posse permite a suposição de que era um xamã numa viagem ritual.

Muito antes de ter sido descoberto esse "homem do gelo", n

o princípio do sec. XX, foram encontradas pinturas rup

estres pré-históricas, no Sul da França, de figuras semi-humanas, semi-animais entre animais comuns, que foram consideradas como representan

do xamãs e que conduziram a suposição de que o xamanismo foi a religião humana original e primordial.

Numa das gravuras um homem com o falo ereto está deitado ao lado de um bisonte com uma cabeça de pássaro ao seu lado; o próprio homem parece ter a cabeça de pássaro e presume-se que a gravura represente um xamã em transe. Essa interpretação foi popularizada na década de 60 por Lommel num livro profusamente ilustra

do, Shamanism:The Beginnings Of The Art.

A figura da gruta de Les Trois Frères nos Pirineus franceses que foi chamada de Feiticeiro Dançador, é considerada por alguns estudiosos como representando um xamã. Uma criatura masculina vista de perfil olha de frente para quem a contempla com os seus olhos muito redondos. Todas as partes da sua anatomia parecem pertencer a um determinado animal: orelhas de lobo, chifres de veado, rabo de cavalo e patas de urso. E no entanto o efeito geral é notoriamente humano. Outra interpretação possível é a de que represente um espírito Senhor dos Animais personificando simultaneamente a essência de todas as espécies.

O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc.). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.

Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; Oceania, Austrália, no sudeste asiático, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico. Faz pensar que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.

Sintetizando, o xamanismo é a "Jornada da Consciência", um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo.

No sentido do "religare" pode ser considerada uma religião, mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais e que possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.

Na essência são práticas religiosas. O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças.

O xamã é sempre uma figura dominante e não um santo,avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, natureza e a comunidade.

A Medicina da Terra é derivada de conhecimentos medicinais passados pelos ancestrais que são honrados por aqueles que recebem a iniciação. O clichê mais ultrapassado é aquele em que o iniciado tenta matar simbolicamente seu iniciador ao invés de honrá-lo. Isso é enfraquecer a raiz pela qual ele foi formado, uma auto-sabotagem espiritual. O entendimento disso faz com que o discipulado crie conscientemente um movimento de afinidade que traz harmonia no resultado.

imgO "conhecimento" é para todos mas "sabedoria" é para alguns. Por isso acho importante a divulgação do conhecimento e aplicação prática dele pois existe ainda uma minoria que se transforma. É como um garimpo! Entre esses buscadores do conhecimento sempre sai uma pepita de ouro que vai fazer o mundo mais brilhante. Por essas pepitas vale a pena. O coração do verdadeiro iniciado tem que se confortar com isso pois sempre é a minoria. Por outro lado existe um outro fenômeno, algumas pessoas lançam-se à determinadas práticas sem o devido conhecimento e sem as "bênçãos espirituais", ou seja: ação sem conhecimento. O que pode ser problemático.

Muitos iniciam a caminhada mas poucos atingem as maiores alturas. Este conhecimento não está limitado aos iluminados, é disponível para todos nós dependendo da sinceridade e humildade com que buscamos. Sabedoria xamânica é sabedoria da Mãe Terra e, a cada filho dela, é dado um presente, algum talento especial.

O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura, ensina o que é necessário para o bem da comunidade.Isto significa freqüentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.

O xamanismo aparece como um reflexo de um Grande Espírito que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos e outras manifestações da natureza que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.

O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã enfrentou suas sombras e venceu seus medos da insanidade, solidão, orgulho, vaidade, vícios, doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso, escolhe tornar-se curador curado, auxiliador, visionário, à serviço das pessoas.

No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas :

  • A Busca por estados Alterados de Consciência, Vôo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática

  • A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este vôo mágico é um dos fundamentos do xamanismo

  • Viagem por mundos paralelos ( Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária a fim de guiar espíritos e obter conhecimento espiritual.

  • O xamã atua como canal de cura. Tem conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.

  • Devoção à Criação, Sol, Lua, Estrelas. Reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo

  • Interação com espíritos da natureza

  • Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc)

  • Conhecimento sobre o fogo

  • Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas)

  • Canções de Poder

  • Danças

  • Respiratórios e dietas

  • Contação de histórias, preleições.

img

O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade tem como base em suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência e obter resposta em mundos paralelos, prática do amor incondicional . Suas práticas estabelecem contato com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranqüilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual.

A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia. No xamanismo praticado na atualidade estudamos os talentos elementais:

  • A Terra é relacionada com o corpo físico e com as sensações.

  • A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos.

  • O ar é relacionado com a mente e aos pensamentos e idéias.

  • O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspirarão.

O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão de que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante e provém do desenvolvimento de seus próprios dons. Inspirados na sabedoria dos povos ancestrais temos o desafio de resgatar o conhecimento acumulado nas práticas xamânicas das diversas tradições do planeta para os dias atuais. Assim, pretendemos contribuir para a saúde, autoconhecimento e o bem-estar geral do nosso povo e resgatar valores para uma vida mais harmônica e ecológicamente correta.

Os ancestrais xamânicos viviam em harmonia e equilíbrio com todos os seres, pedras, plantas, animais, pássaros, peixes e até insetos.Para garantir sua sobrevivência em ambiente hostil os homens primitivos interpretavam os sinais e as mudanças da natureza a seu redor. Viviam de acordo com os ciclos do Sol e da Lua, das mudanças das estações, manifestações da natureza, vento, chuva, etc.

imgOs caminhos do xamanismo são espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados de consciência, de realidades não-ordinárias Os estados alterados de consciência não envolvem apenas o transe e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, promover curas, oráculos.

Os estados alterados de consciência incluem vários graus. Stanley Kryppner chega a classificar vinte estados diferentes de consciência. Elíade fala do êxtase, Castañeda fala do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supraconsciência, etc.,também são nomes para a mesma manifestação.

São através desses estados que conseguimos conexão com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a percepção para mistérios que estão guardados em nós mesmos. Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Através da consciência ordinária não conseguimos alcançar níveis profundos do nosso ser. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder (enteógenos), respirações, posturas corporais, e outros.

Através desses estados especiais alcança-se uma experiência divina, acessa-se uma fonte de Sabedoria Superior, podemos curar nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.

Aprende-se as influências e forças da Terra e como as energias naturais afetam a vida. Tudo na natureza cresce e muda. É um ciclo. Os povos antigos consideravam a viagem circular da Terra ao redor do Sol, uma roda, representando o eterno ciclo de nascimento e desabrochar, crescimento e florescimento, maturidade e frutificação, envelhecimento e decadência, morte e decomposição e novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.

Os nativos reconhecem o círculo como o principal símbolo para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos que é um círculo. A Terra, a Lua, o Sol, os planetas; são todos circulares. O nascer e o por do Sol acompanham um movimento circular. As estações formam um círculo. Os pássaros constroem ninhos em círculos, animais marcam seus territórios em círculos. As cabanas, ocas, tipis são circulares.

O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas "Forças Verdadeira acessadas desde o princípio na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos sentí-las atuando em todos os momentos das cerimônias.

Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida, nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.

As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante. As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Atualmente muitos vivem com uma sensação de separação, isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um "microcosmo", que somos parte de "algo maior", que somos filhos da Terra, parte de uma Terra Viva.

Harmonia - Amor - Paz e Luz

Conhecendo um pouco...."Druidismo"


O termo 'druidismo' se refere a uma gama de manifestações religiosas, mágicas e filosóficas, tanto referentes aos antigos cultos e religiões de alguns povos Celtas pré-cristãos, como as que possuem inspiração abertamente reconhecida nestas religiões célticas pré-cristãs na atualidade.

História

O Druidismo enquanto religião dos Celtas pré-cristãos, ou Paleodruismo conforme a notação de Isaac Bonewits, sobreviveu até a época da Cristianização da Irlanda e demais localidades insulares, enquanto no Continente Europeu, somente até a ascensão da Romanidade e da perseguissão dos Druidas na Gália.
Mesodruidismo

Em meio ao revival céltico e ao contexto geral do Romantismo, o pensador irlandês John Toland fundou em 22 de setembro de 1717 em Londres, com representantes de Londres, York, Gales, Cornualha, Ilha de Man, Anglesey, Escócia e Bretanha o An Druidh Uileach Braithreachas (Círculo Druídico da União Universal) atual Druid Order. Entre os membros famosos encontra-se William Blake. Ainda na Inglaterra em 1781 foi fundado a Ancient Order of Druids (AOD), que contou com a presença do controvertido Edward Williams ou Iolo MorganwcAncient Order of Druids of America (AODA). Com base nestes movimentos surgiram as Gorsseddau dos Países Celtas, que originaram muitas das ordens mesodruidicas, no caso da França por exemplo, Collège des Gaules, Ordre des Druides e posteriormente a Ordre Conventionne Conforme a la Tradition Druidique (OCCTD). Tais movimentos muitas vezes relacionados com Lojas Maçônicas, Rosacruzes ou sociedades de Oculstismo ou Teosofia, apesar dos comprovados problemas com justificações históricas e envolvimento com fraudes históricas diversas, foi de grande importância para a consolidações e preservação das línguas celtas dos respectivos países pelo estabelecimento de Gorseddau Nacionais. um dos principais articuladores da doutrina relacionadas à estas ordens, caracterizada posteriormente como Mesodruidismo por Isaac Bonewits. Grande parte das associações tradicionais com os druidas remontam á este período, como a túnica branca, barba longa, foice dourada, rituais em Stonehenge, etc. Em 1912 nos Estados Unidos é formada a

Neodruidismo

Na Bretanha, em 1936 surge o Kredenn Geltiek (kg) fundado por Rafig Tullou, Morvan Marchal e Francis Bayer du Ker, desligando-se do Gorsedd da Bretanha e das concepções cristãs, até então comuns neste meio. Combinando concepções hindus com elementos oriundos dos demais sistemas indo-europeus, criaram um sistema consistente que persiste até nossos dias. Em 1963, inicialmente como uma contestação estudantil, surge nos Estados Unidos a Reformed Druids of North America (RDNA), caracterizada por uma organizada "desorganização" e descentralização de poder, de início associada com as concepções do Mesodruidismo aliada à concepções esotéricas no geral. KGH. Em 1964 é fundado em Londres a Order of Bards, Ovates and Druids (OBOD) por Ross Nichols, considerado por muitos o "pai" do Druidismo contemporâneo, amigo pessoal de Gerald Gardner também membro da AOD. O Druidismo de Nichols caracterizou-se por uma postura eclética e de certo diálogo com a Wicca, vindo a falecer em 1975 a ordem manteve-se em inatividade até ser reativada por Phillip Carr Gomm em 1988 por quem é dirigida até hoje. Em 1979 é fundada em Londres a British Druid Order (BDO) por Phillip Shallcrass, após uam dissenção com a OBOD, atualmente é reposnsável pelo funcionamento da Druid Network. Em 1984 é fundada nos Estados Unidos a Ár nDraoícht Féin (ADF), atualmente uma das maiores e mais importantes ordens do mundo, por Isaac Bonewits. Caracterizada por um forte estudo do Indo-Europeu, sólida organização interna e por tendências reconstrucionistas. Após uma dissenção da ADF foi fundada a Henge of KeltriaWhiteoak Druid Order, Order of Mithril Star, Gwyddons, etc. nos anos 1990, voltada exclusivamente para Panteões Célticos (na época isto não era tão comum). Surgiram muitas outras Ordens e grupos, desde então como a Whiteoak Druid Order, Order of Mithril Star, Gwyddons, etc.

Druidismo no Brasil

No Brasil a primeira Ordem a se estabelecer foi o Colégio Druídico do Brasil (CDB) nos anos 1990, ligada aos Collège des Gaulles e a Ordre des Druides (Mesodruidismo), sediado no Rio de Janeiro onde ainda funciona com cursos por correspondência. Em 2000 foi fundado por Robert Kaucher a Ordem Druidica do Brasil (ODB), inspirada em alguns aspectos da ADF e ligada ao então crescente movimento do Reconstrucionismo Celta (RC), tal ordem foi uma das pioneiras para o fortalecimento do RC no Brasil, com a ênfase no estudo de línguas célticas e embasamento acadêmico. A ordem veio a encerrar suas atividades em 2004, continuando ainda ativa a lista de discussões {Creideamh}. Em 2004, surge a Gergóvia liderada por Bandruir e sediada no Rio de Janeiro. No final do mesmo ano e início de 2005 com a liderança de Cláudio Crow Quintino ligado a Druid Network, surge o Caer Piratininga em São Paulo. Desde então, algumas ordens e grupos surgiram como a ordem Vozes do Bosque Sagrado sediada em Brasília e liderada por Cecília, assim como a ordem Walonom do Rio Grande do Sul liderada por Jéferson Mathes e Juliana Costa desde 2001, o Caer Ynis em Santa Catarina, a articulação Brenha Druídica das Terras Altas (BDTA) fundada por Marcílio Diniz que reúne Reconstrucionistas Celtas e Druidistas do Nordeste e mais recentemente a Assembléia da Tradição Druídica do Brasil (ATDB) ligada à Ordre des Druides (e ao Mesodruidismo).

Druidismo x Reconstrucionismo Celta

Muitos dos membros do movimento RC adotam uma postura de distanciamento de práticas e ordens Neodruidicas alegando cumplicidade com a Wicca e falta de coerência histórica e conceitual. No entanto no Brasil, no geral, não há um distanciamente muito nítido entre as posições abraçadas pelo Druidismo e pelo movimento RC, a exceção do Druidismo ligada à ordens Mesodruídicas. No geral, há certa tendência RC percorrendo boa parte dos membros de ordens tradicionalmente ecléticas como pode ser visto nas principais listas de discussões e fóruns pela internet. No Brasil, o movimento RC mantêm distâncias mais consolidadas com a Wicca e o Mesodruidismo no geral.

Druidismo, Política e Ecologia

Desde os anos 1970 que muitas ordens neodruidicas (se não todas) advogam em prol de causas ambientais. Muitas druidistas têm como uma prática ou dever religioso a dedicação de um tempo no envolvimento com a defesa de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente, ou à atividades de plantio, defesas da fauna e flora etc. Uma das mais famosas internacionalmente neste quesito é a Loyal Arthurian Warband.

Fonte: Wink

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

KARMA (CAUSA E EFEITO)

15.1 - CONCEITO:

Carma ou karma (do sânscrito कर्म, transl. Karmam, e em pali, Kamma, "ação") é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista, adotado posteriormente também pela Teosofia, pelo espiritismo e por um subgrupo significativo do movimento New Age, para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências.

Budismo:

No budismo, Kamma ou Karma é a palavra para "ato" ou "ação", e nesse sentido usa-se a palavra em textos mais antigos para ilustrar a importância de desenvolver atitudes e intenções corretas. Considera-se que por gerar carma os seres encontram-se presos ao samsara (roda das reencarnações), e portanto a última meta da prática budista é extinguir o carma.


Esoterismo:
Alguns movimentos esotéricos costumam falar em karma no sentido de "conjunto de deméritos acumulados" e em dharma como "conjunto de méritos acumulados" (portanto o contrário de karma). Essa terminologia não é consistente com o uso tradicional das religiões orientais, principalmente porque Dharma significa ensinamento ou verdade em vez de mérito ou virtude. Outros adotam um conceito semelhante ao do Espiritismo.


Espiritismo:
Na visão espírita cada ser humano é um espírito imortal encarnado que herda as conseqüências boas ou más de suas encarnações anteriores. Embora Allan Kardec não tenha usado em momento algum a palavra "karma" ou qualquer de suas variações, esta veio a ser mais tarde incorporada ao jargão espírita por alguns espíritas, para designar o nível de evolução espiritual de cada indivíduo, ao qual se devem as circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis que venha a encontrar.

No entanto, para explicar isto o espiritismo apresenta um conceito mais abrangente: a Lei de Causa e Efeito. Enquanto que normalmente o conceito de karma sugere uma dívida a ser resgatada, a lei de causa e efeito nos apresenta a idéia de que o futuro depende das ações e decisões do presente. Uma causa positiva gera uma efeito positivo, enquanto que uma causa negativa gera um efeito igualmente negativo.

15.2 - DETERMINISMO x LIVRE-ARBÍTRIO:

15.2.1 - DETERMINISMO:

É a doutrina que afirma serem todos os acontecimentos –inclusive vontades e escolhas humanas – causadas por acontecimentos anteriores. Segue-se que o ser humano seria destituído de liberdade de decidir e de influir nos fenômenos em que toma parte. O indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer e não poderia fazer outra coisa; a determinação de seus atos pertence à força de outras causas, externas e internas.


É a principal base do conhecimento científico da Natureza, porque afirma a existência de relações fixas e necessárias entre os seres e fenômenos naturais: O que acontece não poderia deixar de acontecer porque está ligado a causas anteriores. A chuva e o raio não surgem por acaso; a semente não germina sem razão.

Há sempre acontecimentos prévios que preparam outros: Chove porque houve primeiro a evaporação, depois a condensação do vapor e assim por diante. O mundo físico e biológico são pois regidos pelo Determinismo, principalmente no nível macroscópico. No nível mental também, os pensamentos estão relacionados aos impulsos, traços de caráter e experiências caracterizam a personalidade.


15.2.2 - LIVRE-ARBÍTRIO:

Doutrina oposta ao Determinismo (fatalismo, Destino), que declara a vontade humana livre para tomar decisões e determinar suas ações. Diante de várias opções oferecidas por uma situação real, o homem poderia escolher uma racionalmente e agir livremente de acordo com a escolha feita (ou não agir se quisesse). Exige, portanto, capacidade de discernir e liberdade interior.

O animal e o selvagem vêem as coisas em função de sua utilidade imediata procurando sempre satisfazer seus instintos e impulsos primários; uma fruta será comida para saciar a fome. O civilizado poderá ter múltiplas escolhas para a fruta, comer, examinar microscopicamente, usar para a medicina, fazer doce, reaproveitar a casca ou a semente, etc, pois percebe-a sob múltiplos aspectos.

Pode-se quando mais esclarecido, tomar uma decisão que caminho seguir.
Mas as condições mentais de um indivíduo lhes impõem limitações em seu livre arbítrio: impulsos, hábitos, vícios, inércia, modismo, etc; tolhem e diminuem a liberdade de um indivíduo. Mas não chegam a cassar ela totalmente nem eliminam as responsabilidades pelo seus atos.

Conclusão:
O aspecto essencial é saber se o indivíduo ao praticar a ação, era livre ou não para praticá-la.
Para abortar tal questão, faremos, observar que ninguém parece se conduzir como um autômato e as atividades usuais desempenhadas pelas pessoas levam a pressupor a existência de vontade própria. Eles estudam, compram, discutem, vão a igreja, respeitam ou desrespeitam as leis, constroem casas, pontes, etc.

A ciência nos responde com provas, fornecendo elementos sugestivos. Na verdade, o determinismo férreo do mundo inanimado vigora para os grandes corpos considerados em pequeno número: Passagem de um cometa daqui a 100 anos, eclipses, previsão de movimentos celestes, daí o sucesso das leis de Newton.

Porém essa mesma precisão não funciona com corpos mínimos e em grande número, tal é o caso das partículas elementares da matéria; entra em jogo a probabilidade, isto é, leis estatísticas. De fato, as partículas subatômicas, como os elétrons, não admitem previsão exata como aceitam os sistemas planetários e outros corpos celestes.

Os corpos minúsculos possuem um comportamento imprevisível. Não é possível estabelecer a velocidade e a posição destas minúsculas partículas. Também a radioatividade ou desintegração espontânea do rádio (metal) mostra isso.


Uma quantidade qualquer de rádio leva de 1590 anos para reduzir-se pela metade sozinha, é a vida média. Isto é calculável com exatidão, mas quando um átomo se desintegrará ninguém consegue determinar, pode se desfragmentar daqui a um segundo, horas, dias como daqui a 1000 anos. Tudo acontece como se ele tivesse a liberdade para decidir o momento de sua desintegração.


Entre os seres vivos, os genes exibem um comportamento semelhante. Genes são grandes moléculas de ácido nucléico encarregadas da transmissão de características de um organismo para os que descendem dele. De suas combinações e alterações surgem as modificações observados nas plantas e animais. O fato importante aqui é que essas alterações, ditas mutações, não se pode antecipar; elas surgem de modo descontínuo.


Estes dados experimentais dão novo aspecto ao problema do livre arbítrio.


No mundo mental, a consciência, o raciocínio ou faculdade de conhecer-se a si mesmo tem um desempenho imprevisível, porém varia em grau de maior ou menor escala em cada indivíduo.


No reino animal e humano inferior prevalece o DETERMINISMO; o instinto segue a natureza com alternativas fatalistas. Uma armadilha para pegar leões, pegará todos os leões, uma ratoeira pegará todos os ratos. Ninguém pode impedir a neve de cair, a chuva, o vento.


O livre arbítrio é progressivo, surge com a razão, que vai se desenvolvimento, a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado.


Parece ser claro que o LIVRE-ARBÍTRIO é uma conquista evolutiva, com ele desponta um fator essencial: a responsabilidade, que gera conseqüências pelos atos praticados.

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Revista "REFORMADOR" Nº2.100 - Março/2004:

"A liberdade de que gozam os habitantes terrestres não é, nem poderia ser, de caráter absoluto, diante da condição do nosso mundo de expiações e provas.
Da liberdade plena só gozam, por conquista, os
Espírito puros, aqueles que chegaram ao ápice da escala evolutiva e que se colocam a serviço do Criador, a Inteligência Suprema. Jesus é o exemplo e o modelo para a Humanidade terrestre".

O CONSOLADOR - Francisco Cândido Xavier - EMMANUEL:
"Determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens".

LIVROS DOS ESPIRITOS - Allan Kardec:

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um bom Espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias (embaraço, impedimento, obstáculo)”.

AÇÃO E REAÇÃO - Espírito André Luiz -página 92

"Mesmo nas piores posições expiatórias a consciência goza dos direitos inerentes ao livre arbítrio. Imaginemos um delinqüente monstruoso, segregado na penitenciária.Acusado de vários crimes, permanece privado de toda e qualquer liberdade na enxovia comum.

Ainda assim, na hipótese de aproveitar o tempo no cárcere, para servir espontaneamente à ordem e ao bem-estar das autoridades e dos companheiros, acatando com humildade e respeito as disposições da lei que o corrige, atitude essa que resulta de seu livre arbítrio (MORAL) para ajudar ou desajudar a si mesmo, a breve tempo esse prisioneiro começa por atrair a simpatia daqueles que o cercam, avançando com segurança para a recuperação de si mesmo".


15.3 - VÁRIOS ÂNGULOS DO CARMA (KARMA)

Entrevista: Hernani Guimarães Andrade (Biografia)

Texto integral da Revista Planeta - Especial: Carma - março de 1990

1 - Como o senhor interpreta o carma (Karma)?

Acerca do carma (Karma), minha interpretação mantém-se de acordo com as doutrinas orientais, particularmente o budismo. Traduzido literalmente, carma (Karma) significa ação, uma ação continuada, uma espécie de encadeamento de causas e efeitos.

Conforme ensina Alexandra David-Neel, em sua obra Le Bouddhisme, Ses Doctrines et Ses Méthodes, o budismo encarregou-se de popularizar o ensino da lei do carma (Karma), proclamando: "Ye dharmâ hetu prabhavâ", isto é, "todas as coisas provêm de uma causa".

O carma (Karma) está vinculado ao processo reencarnatório. É a sucessão das vidas que produz o encadeamento de causas e efeitos característicos da vivência ordinária. Assim, cada existência será mais ou menos feliz, mais ou menos desgraçada, em função dos atos que praticamos em vidas anteriores.

Entretanto, não se trata, propriamente, de uma espécie de "pena de talião", tipo "olho por olho, dente por dente". Muitas pessoas têm esta falsa interpretação acerca do carma (Karma); pensam assim: "Se eu mato, roubo ou injurio alguém nesta minha existência, na próxima encarnação serei assassinado, roubado ou injuriado da mesma forma."

O carma (Karma) não é nada disso, absolutamente. Sem ser direta e especificamente punido em função de cada falta praticada, o malfeitor nem por isso deixará de expiar carmicamente os erros e crueldades cometidos. Mas ele o fará sem aquele aspecto de vingança que teria uma sanção imediata prescrita pela "pena de talião". Há um provérbio que dá uma idéia aproximada do que seja o carma (Karma):

"Eu seria totalmente livre hoje, se não houvesse cometido a falta de ontem; a falta de hoje será a corrente que me prenderá amanhã."

2 - Existe conotação negativa ou positiva no carma (Karma)?

Entendendo-se o vocábulo conotação no sentido da "relação que se nota entre duas ou mais coisas", pensamos que sua indagação refere-se à possibilidade de o carma (Karma) ser, em si, negativo ou positivo em relação ao nosso destino. Acreditamos que não. O carma (Karma) é uma lei natural. Esta lei tem um aspecto causal, embora probabilístico. Faz lembrar as leis da física quântica. Desse modo, as conseqüências finais globais do carma (Karma) resultam, estatisticamente, como uma correspondência exata entre causa e efeito. Portanto, nós somos os únicos responsáveis pelo nosso bom ou mau carma (Karma), nosso bom ou mau destino.

3 - Como se inter-relacionam o carma (Karma) e o livre-arbítrio?

Pelas respostas anteriores, é fácil perceber que o livre-arbítrio e o carma (Karma) atuam um sobre o outro, em um mútuo condicionamento. Desse modo, é ilusório pensar que somos totalmente capazes de exercer um real livre-arbítrio. Em outras palavras, o nosso arbítrio não é inteiramente livre como imaginamos teoricamente. Somos livres para agir, sim, mas dentro de condições limitadas. Por exemplo, não conseguiremos, por simples livre-arbítrio, subtrair-nos à ação da gravidade.

Podemos contrabalançá-la, mas não impedir que ela atue sobre a nossa massa física. Podemos, até certo ponto, prolongar ou reduzir nosso tempo de vida, mas não conseguiremos tornar-nos imortais. Não somos capazes de viver sem respirar, sem beber água ou sem alimentação, pois a natureza assim nos condicionou. Logo, nosso livre-arbítrio é livre apenas até determinados limites. E um desses limites é o nosso próprio carma (Karma). Por sua vez, o nosso limitado livre-arbítrio condiciona o nosso futuro carma (Karma).

4 - Existe carma (Karma) de grupos sociais, de países? O senhor poderia nos dar um exemplo de como isso funciona?

Sim, há carma (Karma) de grupos sociais, de países e até do nosso planeta. Os melhores exemplos poderemos encontrar na história. O carma (Karma) coletivo funciona da mesma forma que o individual. O resultado global é igual à soma do comportamento das partes. Daí a importância da educação, em todos os sentidos (intelectual, moral e cívica), dos cidadãos de um pais. Sem isso, o caos é o minimo que poderá esperar-se em termos de carma (Karma),

5 - Qual seria a manifestação do carma (Karma) coletivo, por exemplo, na vida de países de grande tradição bélica, como o Império Romano?

A história do Império Romano é muito longa para ser aqui desfiada. Mas para quem procurar conhecêla, não haverá melhor exemplo da lei do carma (Karma) atuando relativamente a uma coletividade humana.

6 - Entre as várias filosofias e religiões que crêem na reencarnação, todas têm o mesmo parecer sobre a Lei do Carma (Karma)?

Embora as filosofias e religiões que crêem na reencarnação admitam, de certa forma, uma conseqüência causal propagando-se ao longo das vidas sucessivas, nem por isso elas têm, formalmente, o mesmo parecer sobre o carma (Karma).

Uma das questões que poderão influir no conceito de carma (Karma) é a opinião acerca daquilo que se reencarna. Assim, por exemplo, a seita budista Hinâyana; chamada também o Pequeno Veículo ou Escola Theravada (Escola dos Maiores), admite que aquilo que se reencarna é uma espécie de "energia" que passa de uma para outra encarnação. Em lugar de uma alma - ou espirito existente Anattâ (o não-eu), algo que se aproximaria do "princípio vital" sugerido pelos primeiros vitalistas ocidentais. Como pode deduzir-se, o conceito de carma (Karma), em tal condição, seria bem diferente do que pensam os espíritas, por exemplo.

Todavia, Alexandra David-Neel, em sua obra Os Ensinamentos Secretos dos Budistas Ttbetanosç informa que no Tibete a mesma seita Theravada admite que aquilo que se reencarna é um princípio denominado Namshés, uma espécie de consciência (o Jiva dos hindus).

A outra grande seita budista, o Mahâyana, ou Grande Veículo, ensina que é uma alma aquilo que se reencarna. Embora os adeptos da Escola Mahâyana creiam na metempsicose, Sinnet afirma que, nos escritos budistas autênticos, não há menção ao renascimento do homem em corpos de irracionais. Vê-se, imediatamente, que deve haver diferenças na forma de considerar a lei do carma (Karma) pelas filosofias e religiões reencarnacionistas.

7 - Como a física vê a possibilidade de retorno da energia centrada no espírito em outro corpo no processo de reencarnação, para o "resgate" do carma (Karma)?

A física como ciência ortodoxa, e cujo objeto é bem definido, não cuida do espírito nem de hipotéticas energias eventualmente centradas neste último. Se algum físico está tentando abordar semelhante área de investigação, ele, por enquanto, não poderá falar em nome da física.

8 - Seria o espírito capaz de armazenar as informações adquiridas a cada encarnação? Que forma teriam essas informações a nível de energia? O espírito é capaz de aprender, de se lembrar de fatos passados e de suas conseqüências para direcionar, de maneira mais apropriada, sua energia, em atitudes da vida presente e futuras?

Independentemente da abordagem em termos de física, as pesquisas acerca da reencarnação têm acumulado evidências que apontam a favor do registro permanente das informações obtidas pelo espírito, ao longo das suas encarnações sucessivas. O reaproveitamento das experiências vivenciadas durante suas existências é um dos mecanismos da evolução das espécies, inclusive do homem.

9 - A alma "cresce ", "amadurece" ou "envelhece"?

O crescimento, o amadurecimento e o envelhecimento são contingências dos seres vivos em geral. Pela natureza atribuída à alma, parece um tanto impróprio assemelhá-la a um ser biológico. Entretanto, parece fora de dúvida que devam existir níveis evolutivos correspondentes às almas (ou espíritos). Logicamente, as almas que atravessam maior número de encarnações, em corpos que se submeteram a condições mais intensas de aprendizado, seriam as que "cresceram" e "amadureceram" mais. Seriam, assim, as mais "velhas".

10 - Como se estabelece uma relação de tempo/espaço com o espírito? Onde se concentra essa energia a partir do desencarne até a encarnação seguinte? Quantas reencarnações são necessárias para o resgate do carma (Karma)?

Para nós, continuam vigorando o nosso calendário e as nossas medidas de espaço e tempo, quando avaliamos a situação espaço-temporal do espírito. Não há fatores de conversão conhecidos. Para os espíritos a coisa deve ser diferente, pois há evidências de que eles ocupam um espaço-tempo pentadimensional, a saber: quatro dimensões de espaço e uma de tempo.

Quando se fala em "energia", é necessário que se esclareça o que se está querendo expressar. Energia é um ente abstrato que surge de relações matemáticas empregadas pela mecânica.

Na realidade a energia não pode ser vista, apalpada, etc. Sabe-se que ela existe na dependência de estados relativos dos objetos. Pela Teoria Especial da Relatividade, uma fórmula matemática exprime a relação entre a massa e a energia, mas isto não basta para termos uma imagem da energia como ente observável, como por exemplo uma pedra, uma gota de liquido ou uma corrente de ar.

A pergunta parece-nos referir-se à "informação" que é conservada pelo espírito e que passa de uma encarnação para outra. Esta "informação" é armazenada na própria estrutura tetradimensional do espírito.

Não existem meios de se estabelecer com segurança o número de reencarnações necessárias para "zerar" o carma (Karma). Talvez isso jamais ocorra, uma vez que o progresso do espírito parece ser indefinido. Se assim for, o encadeamento de causas e efeitos- não deve cessar.

11 - Como a reencarnação explica o crescimento populacional ano após ano? Em vista do maior número de nascimentos em relação à população de desencarnados, que carma (Karma) viriam resgatar os espíritos que encarnam naforma humana pela primeira vez?

Em virtude da evolução biológica, a produção de espíritos forma uma corrente ininterrupta, que alimenta constantemente o fluxo reencarnatório em todos os níveis, inclusive o humano. Além disso, ainda existe a fonte da imigração planetária, que parece ser um fato real.

A natureza do carma (Karma) não implica qualquer tipo de resgate. O carma (Karma) é a seqüência de causas e efeitos. Ele se inicia nas formas biomoleculares mais rudimentares e prossegue indefinidamente ao longo da evolução.

12 - Como surgem as doenças congênitas? Elas são resultado de um ajuste prévio feito pelo indivíduo, pelos dirigentes espirituais da nova encarnação, ou advêm de um processo mecânico?

As doenças congênitas surgem em decorrência de anomalias genéticas. Segundo informações dos espíritos, obtidas através do médium Chico Xavier, alguns indivíduos podem sofrer tais moléstias em decorrência da necessidade de ajustes prévios solicitados pelos pacientes ou propostos por dirigentes espirituais.

15.4 - DARMA

Darma ou Dharma (em sânscrito: धर्म, transl. Dharma; em páli Dhamma) significa "Lei Natural" ou "Realidade". Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o "Caminho para a Verdade Superior". O darma é a base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na Índia.

A mais antiga dessas, conhecida como Hinduísmo, é a Sanatana Dharma (ou Dharma Eterno). No Budismo, no jainismo e no sikhismo, o darma também tem um papel axial. Nessas tradições, seres que vivem em harmonia com o darma alcançam mais rapidamente o mocsa, o Dharma Yukam, o nirvana ou libertação da roda das samsaras, ou ciclo de reencarnações.

O darma também se refere aos ensinamentos e doutrinas de diversos fundadores de tradições, como Siddhartha Gautama no budismo e Mahavira no jainismo. Como doutrina moral sobre os direitos e deveres de cada um, o Dharma se refere geralmente ao exercício de uma tarefa espiritual, mas também significa ordem social, conduta reta ou, simplesmente, virtude.

Para algumas seitas e alguns pensadores, o darma também pode ser interpretado como ações virtuosas feitas tanto em vidas passadas (encarnação anteriores), como na vida atual, e irá receber tudo de novo do universo também com boas ações, assim como o carma pode ser considerado uma consequência ruim que se teve, tem ou terá, sendo consequências de todas as ações ruins que se teve, também nessa ou em vidas passadas.

15.4.1 - CARMA E DARMA


CAUSA E PROPÓSITO DO DESTINO
Por: Bhagavad

Sob o ponto de vista de quem atravessa um momento de sofrimento agudo em sua existência, nada pode ser mais inoportuno e desagradável do que alguém racionalizar ou tentar “explicar” as causas de sua dor com base em eventos passados nesta ou em alguma vida pregressa.

A racionalização em momento inoportuno, longe de causar alívio, pode até mesmo aumentar o sofrimento e a revolta do sofredor, por ver alguém racionalizando friamente sobre seu sofrimento, em um momento em que desejaria receber conforto, empatia e calor humano.

O Carma e o Darma (respectivamente, a causa e o propósito dos eventos) devem ser estudados sim, mas em situações prévias de estabilidade e de normalidade. Jamais devemos atormentar um sofredor com racionalizações e explicações em um momento de sofrimento intenso.

Mas não há dúvida de que esses temas são importantes e sua compreensão prévia pode auxiliar o sofredor na compreensão e na absorção de seu sofrimento.

A maior contribuição do pensamento oriental ao Ocidente foi a noção de carma como um encadeamento de causas pretéritas formando o cenário e as condições de nossa vida presente. A palavra carma já está definitivamente incorporada ao vernáculo de todas as nações ocidentais, e mesmo as pessoas que não se identificam com a filosofia oriental ou com o movimento espírita sabem o que significa essa palavra e falam fluentemente sobre o carma, embora de forma muitas vezes simplista e distorcida. O pensamento comum supõe que um carma seja uma espécie de operação aritmética de soma e subtração, quando, na verdade, é uma função integral ultracomplexa em que um conjunto de causas interagem holograficamente para gerar um efeito.

E há uma outra questão ainda mais complexa: O conceito de carma foi introduzido no Ocidente sem o conceito complementar e associado ao carma e que é o darma .

A única explicação para esse fato é que o darma constitui um conceito ainda mais complexo e sutil do que o próprio carma. A própria diversidade na tradução da palavra darma já é um indício dessa complexidade.

Há muitas traduções, sem que nenhuma delas consiga transmitir em sua plenitude o significado original do sânscrito dharma : retidão, dever, religião, evolução, conduta correta, preceitos, moral, ensinamento etc.

De fato, todas essas traduções são incompletas. Como princípio complementar ao carma, o darma pode ser compreendido como a linha de tendência que devemos seguir rumo à verdade, sendo essa linha de tendência resultante do alinhamento do nosso carma em uma determinada direção, que é o propósito e o rumo de nossa existência. O carma é composto por muitas linhas divergentes e conflitantes decorrentes das diversas ações harmônicas e desarmônicas que cometemos no passado.

A linha de tendência resultante de todas essas múltiplas ações apontam numa determinada direção e assume um determinado propósito alinhado com a ordem divina do universo e de nossa vida em particular. Essa direção é o Darma .

O darma é aquilo que os cristãos (particularmente os protestantes) costumam chamar de “O Plano de Deus para nossa vida”. Para atingirmos o nosso darma, temos de navegar nas “ondas” revoltas do carma, até que essas ondas estejam todas alinhadas e não exista mais diferença entre o carma e o darma. Quanto mais anulamos o nosso carma, mais tomamos consciência do nosso darma e mais alinhamos nossa vida com ele.

Todavia, mesmo a pessoa que está vivendo uma fase de turbulência existencial e intenso sofrimento, está trabalhando simultaneamente seu darma, com a diferença de que está navegando uma onda periférica e prioritária, ilusoriamente afastada do curso normal de sua existência, o que não é verdade se virmos o fato no plano espiritual. É como um motorista numa estrada que se afasta da via principal para trocar um pneu ou reabastecer o seu veículo. Logo que essa operação for concluída, ele retorna à via principal. Naquele momento específico de sua viagem, a operação de troca dos pneus ou de reabastecimento foi mais importante do que seguir o curso normal da viagem. Para quem não conhece seus reais objetivos, o afastamento da estrada pode parecer uma insanidade.

A grande dificuldade para se entender esse conceito é que, na vida real, nem mesmo o próprio viajante conhece os objetivos e os desvios de percurso. As coisas parecem simplesmente acontecer impulsionadas por uma força desconhecida.

O conhecimento do carma e do darma facilita a compreensão desse processo, mesmo com o desconhecimento das forças causais e das linhas de tendência futura, que estão operando a cada instante, mudando o panorama de nossa vida e trazendo novas situações agradáveis ou desagradáveis.

Está claro para todos que os eventos penosos que ocorrem em nossa vida constituem uma manifestação do carma, a colheita de causas passadas. A colheita dos frutos amargos, cujas sementes plantamos nesta ou em existências pretéritas.

O que não está tão claro é que o sofrimento tem também um propósito dármico, tem o objetivo de eliminar o carma e de direcionar a alma para determinada direção, produzir maior sensibilidade e empatia. Só na escola do sofrimento é possível desenvolver empatia com os que sofrem dores semelhantes às nossas. Os seres dotados desse tipo de empatia, caso não estejam sofrendo na situação presente, já sofreram dores atrozes no passado, tendo, através disso, adquirido a empatia de forma permanente.

Os grandes seres benfeitores da humanidade tem esse sentimento de empatia de forma permanente e em um grau extraordinariamente alto. Em função disso, sofrem intensamente todas as dores da humanidade. O sofrimento intenso e universalizado desses grandes seres é, todavia, neutralizado e equilibrado por uma sensação de êxtase advinda da percepção da unidade da vida e da percepção consciente de que o glorioso plano abrange todas essas distorções localizadas e particulares. Essa mescla de sentimentos e percepções faz com que os grandes avatares sintetizem o sofrimento e o êxtase em uma sensação unificada e fora da nossa compreensão, como se o sofrimento fosse o travo amargo de um vinho tinto saboroso. Diziam os antigos, com uma sabedoria que ultrapassa as próprias palavras: “O vinho é amargo, mas tem o sabor da vida”.

15.4.2 - OS TRÊS PILARES DO DARMA:

Praticar e compreender o Dharma é uma coisa rara e preciosa. Poucas pessoas no mundo são presenteadas com essa oportunidade. A maior parte das pessoas está rodando em círculos, levadas pela ignorância e desejo, inconscientes da possibilidade de saírem dessa roda de samsara, a roda de avidez e ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami. Cada momento mental que for livre de avidez, ódio e ilusão tem certa força purificadora no fluxo da consciência; e em nossa longa evolução acumulamos muitas dessas forças purificadoras dentro de nossas mentes. Onde houver uma grande acumulação desses fatores benéficos de não-avidez, não-ódio e não-ilusão, os paramis tornam-se fortes e resultam em todo tipo de felicidade, desde os prazeres sensuais mais mundanos até a mais elevada felicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.

Há dois tipos de paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria. As forças de purificação envolvidas na correta conduta tornam-se a causa de vizinhanças felizes, circunstâncias agradáveis, relacionamentos felizes e a oportunidade de ouvir o Dharma.

O outro tipo de parami, a pureza de sabedoria, desenvolve-se pela prática do correto compreender e torna possível o crescimento da percepção, do insight. Ambos os tipos de paramis, essas duas forças de purificação, devem ser desenvolvidas para que tenhamos a chance de praticar o Dharma e, depois, a sabedoria para compreendermos.

Há três pilares do Dharma, três campos de ação que cultivam e reforçam os paramis.

O primeiro deles é a generosidade. Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar. Toda vez que dividimos algo ou damos algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. O Buda disse que se soubéssemos, como ele sabia, qual o fruto do ato de dar, nós não deixaríamos passar nem sequer uma simples refeição sem dividi-la. Os resultados cármicos da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. Dividir, compartilhar o que temos é uma forma linda de nos relacionarmos com os outros e nossas amizades ficarão muito intensificadas pela qualidade da generosidade. Ainda mais significante é que o cultivo da não-avidez torna-se uma grande força de liberação. O que nos mantém presos é o desejo e o apego em nossas mentes. À medida que praticamos o dar, aprendemos a ceder, a abrir mão.

Diz-se que há três tipos de doadores. O primeiro são os doadores mendigos. Dão após muita hesitação e ainda assim apenas as sobras, o pior do que eles possuem. Eles pensam: "Será que eu deveria das ou não? Talvez sejam coisas demais?" E finalmente talvez se desfaçam de algo que realmente não queriam. Dadores amigáveis são pessoas que dão aquilo que elas próprias usariam. Dividem o que têm com menos deliberação, mais mãos-abertas. O mais elevado tipo de doadores são os doadores reais ou nobres que oferecem o melhor do que têm. Eles compartilham espontaneamente sem precisar deliberar. Dar tornou-se natural em sua conduta. A não-avidez é tão forte em suas mentes que em cada oportunidade que têm, eles dividem aquilo que é mais cobiçado, de forma solta e amorosa. Para algumas pessoas, doar é difícil; a ganância é forte e há muitos apegos. Para outros a generosidade vem facilmente. Não importa. De qualquer lugar do qual estejamos começando, simplesmente começamos a praticar. Cada ato de generosidade lentamente enfraquece o fator avidez. Compartilhar abertamente é uma forma linda de viver no mundo e, através da prática, podemos nos tornar doadores reais.

Há dois tipos de consciência que estão envolvidos em nossos atos. Uma delas é a "consciência induzida": a mente que considera e delibera antes de agir. A outra é a chamada "consciência não-induzida" e é muito espontânea. Quando uma ação específica foi bem cultivada, não há mais necessidade de deliberar. Essa consciência não-induzida, muito espontânea, opera bem no momento. Através da prática, desenvolvemos o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Devemos cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres. Em muitos discursos, o Buda incitou as pessoas a praticarem a doação até que ela se tornasse uma expressão fácil, sem esforço, da compreensão. A generosidade é um grande parami: figura como a primeira das perfeições do Buda. À medida que vai sendo cultivada, torna-se causa de grande felicidade em nossas vidas.

O segundo pilar ou sustentáculo do Dharma, ou campo de ações purificadoras, é a abstenção moral. Isso significa seguir os cinco preceitos básicos:

Não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvam a mente e a tornam embaraçada.

- Todos os seres querem viver e ser felizes; todos os seres desejam ser livres da dor. É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É muito melhor remover gentilmente um inseto de dentro de nossas casas e colocá-lo para fora do que matá-lo. É ter reverência por todos os seres vivos.

- Não roubar significa abster-se de tirar as coisas que não nos foram dadas.

- Má conduta sexual ou desregramento sexual é mais facilmente entendido como abstenção de ações sensuais que causem dor ou prejudiquem os outros, ou turbulência e distúrbio em nós mesmos.

- Abster-se do discurso incorreto significa não apenas dizer a verdade, mas evitar todo tipo de conversa frívola ou inútil. Muito do nosso tempo é perdido em fofocas. As coisas surgem em nossa mente e falamos sem considerar sua utilidade. Restrição no discurso é muito útil para tornar a mente pacificada. Não usar linguagem rude ou abusiva. Nosso falar deve ser gentil, cultivando harmonia e unidade entre as pessoas.

- Abster-se de tóxicos: Ao caminharmos no caminho da iluminação, em direção à liberdade e clareza da mente, também não é muito útil usar coisas que nublam nossa mente, tornando-a embaraçada. O descuido no uso de tóxicos enfraquece sobremaneira nossa resolução de mantermos os outros preceitos.

A importância e o valor dos preceitos está em muitos níveis. Eles agem como uma proteção para nós, uma guarda contra a criação de carma maléfico. Todos esses atos dos quais nos refreamos, nos abstemos, envolvem motivos de avidez, ódio ou ilusão e são carmicamente produtores de dor e sofrimentos futuros. Enquanto a atenção ainda estiver sendo desenvolvida e, às vezes, não estiver ainda muito forte, a resolução de seguir os preceitos servirá como um aviso quando vocês estiverem a ponto de cometer algum ato ruim. Atos inúteis ou ruins também causam um peso e escuridão mental no momento em que os praticamos. Cada ação útil, boa, cada refrear de atividades maléficas, traz leveza e claridade. Se vocês observarem cuidadosamente a mente ao fazerem qualquer atividade, vocês começarão a perceber que toda atividade baseada na ganância, no ódio ou ilusão causa peso para surgir. Seguir esses preceitos morais como regras para viver nos mantêm leves e permite que a mente seja aberta e clara. É uma forma muito mais fácil e menos complicada de viver. Neste nível de compreensão, os preceitos não são entendidos como mandamentos e sim seguidos pelo efeito que têm sobre a nossa qualidade de vida. Não existe o sentido de imposição de forma alguma porque eles são a expressão natural de uma mente clara.

Os preceitos têm um significado ainda mais profundo no caminho espiritual. Eles libertam a mente do remorso e da ansiedade. Culpa a respeito de ações do passado não ajuda muito e mantém a mente agitada. Ao estabelecer uma pureza de ações no presente, a mente torna-se mais facilmente tranqüila e penetrante. Sem concentração, o insight é impossível. De modo que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.

O terceiro campo de atividade purificadora é a meditação. A meditação está dividida em duas correntes principais. A primeira é o desenvolvimento da concentração, a habilidade da mente permanecer firme sobre um objeto, sem vacilar nem passear. Quando a mente está concentrada há um grande poder de penetração. A mente que está espalhada, dividida, não consegue enxergar a natureza do corpo e da mente. Mas concentração apenas não é suficiente. A poderosa força da mente precisa ser utilizada à serviço da compreensão, que é o segundo tipo de meditação: o cultivo do insight, da percepção. Isto significa ver claramente o processo das coisas, a natureza de todos os Dharmas.

O sábio corrige sua mente inquieta, agitada,ardilosa, não-confiável, tal como o arqueiro constrói a flecha
(Buda; Dhammapada - verso 33)Tudo é impermanente e está em fluxo, surgindo e passando de momento em momento. A consciência, o objeto, todos os diferentes fatores mentais, o corpo: todos os fenômenos compartilham do fluxo da impermanência. Quando a mente está clara ela experimenta essa mudança incessante a nível microscópico: de instante a instante estamos nascendo e morrendo. Não há nada ao que nos agarrarmos, nada a que nos atarmos. Não devemos nos apegar a nenhum estado mental ou corporal, nenhuma situação externa a nós mesmos, pois tudo esta mudando no momento. O desenvolvimento do insight significa experimentar o fluxo da impermanência dentro de nós de modo que possamos começar a abrir mão, a ceder, não nos agarrando tão desesperadamente aos fenômenos mente-corpo. Experimentar a impermanência leva a uma compreensão de insatisfação inerente do processo mente-corpo: insatisfação no sentido de que ele é incapaz de nos dar qualquer tipo duradouro de felicidade. Se pensarmos que o corpo vai ser a causa da nossa paz, felicidade e alegria permanentes, então não estaremos vendo a decadência inevitável que vai ocorrer. Conforme começamos a ficar velhos e doentes, decadentes e morremos, as pessoas com um forte apego ao corpo experimentarão grande sofrimento. A decadência é inerente a tudo o que aparece, que surge. Todos os elementos da matéria, todos os elementos da mente, surgem e desaparecem.

Outra característica de toda existência, que pode ser vista com o desenvolvimento do insight e da consciência, é que em todo esse fluxo dos fenômenos não existe algo como um "eu" ou um "self", um "meu", ou um "mim". São apenas fenômenos fluindo, fenômenos vazios, vazios de self, de ego. Não há entidade por trás de tudo que esteja experimentando tudo. O experimentador, o sabedor é, em si mesmo, parte do processo. À medida que o insight é cultivado através da prática da atenção, as três características da existência são reveladas.

O insight é um processo de purificação: quando todas as negatividades em nossa mente tiverem sido vistas, examinadas e finalmente extirpadas, elas não surgem de novo.

Sabedoria é a culminação do caminho espiritual, que começa com a prática da generosidade, refreamentos morais e o desenvolvimento da concentração. A partir dessa base de pureza surge o insight penetrante na natureza da mente e do corpo. Ao estarmos perfeitamente atentos ao momento, tudo aquilo que foi acumulado em nossas mente começa a subir, emergir. Todos os pensamentos e emoções, toda a malevolência, avidez e desejo, toda a luxúria, todo o amor, toda a energia, toda a confiança e alegria, tudo que está em nossas mentes começa a ser trazido ao nível consciente. E através da prática da atenção, do não agarramento, da não-condenação, não-identificação com coisa alguma, a mente torna-se mais leve e mais livre.

Uma indicação do poder relativo desses vários campos de parami foi dada pelo Buda. Ele disse que o poder da purificação na doação é aumentado pela pureza do recebedor. Mas muitas vezes mais poderosa, até mesmo do que ter feito uma oferenda ao próprio Buda ou à uma ordem inteira de monges e monjas iluminados, é a prática do pensamento da bondade amorosa com uma mente concentrada. E ainda mais potente do que cultivar esse pensamento amoroso é ver claramente a impermanência de todos os fenômenos, pois esse insight dentro da impermanência é o início da liberdade.

Por Joseph Goldstein; A Experiência do Insight - Editora Roca